A recente medida da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) que limita a quantidade de cadeiras e sombreiros nas praias de Salvador, incluindo o famoso Porto da Barra, gerou repercussão mista entre banhistas e trabalhadores locais. A nova regra impõe que cada barraqueiro possa oferecer, no máximo, 10 sombreiros e 30 cadeiras, uma tentativa de melhorar a organização da praia e aumentar o espaço livre para os banhistas.
Para os frequentadores, a mudança foi vista de forma positiva. Bárbara Meyer, professora de 45 anos, comemora o aumento da faixa de areia disponível, lembrando que, antes, era difícil encontrar espaço para se acomodar devido ao grande número de cadeiras e sombreiros desnecessariamente ocupando a área. “Os barraqueiros colocavam as cadeiras antes dos banhistas chegarem. Era impossível encontrar um local para estender a minha canga”, afirmou.
Alexandre Lenz, morador de Salvador, também compartilha dessa visão, ressaltando que agora há mais liberdade para que os banhistas possam trazer seus próprios sombreiros e aproveitar a praia de forma mais democrática. No entanto, a opinião de Sabrina Saad levanta uma questão importante: os sombreiros e cadeiras são uma fonte vital de renda para muitos trabalhadores, o que torna a transição mais delicada. “É um assunto complexo, pois, por um lado, é necessário respeitar o espaço público, mas também é a forma de sustento de muitas pessoas”, comentou.
Os barraqueiros, por sua vez, não estão satisfeitos com a medida. Terezinha de Jesus, que trabalha há 19 anos na Barraca do Silas, alerta que a redução na quantidade de equipamentos disponíveis pode tornar a praia um destino mais elitizado, com preços mais elevados. “Quem quiser usufruir dos itens agora, infelizmente vai ter que pagar um custo maior”, explicou.
O aluguel de cadeiras e sombreiros deve aumentar consideravelmente: a cadeira, que antes custava R$ 5, passará a custar R$ 15, enquanto o sombreiro, que era R$ 10, terá o valor triplicado, indo para R$ 30. Essa mudança já foi adotada pelos barraqueiros, que agora oferecem os itens apenas sob demanda.
Além disso, os trabalhadores apontam que a medida prejudica seus ganhos, principalmente porque o verão é a principal temporada de trabalho. Terezinha de Jesus argumenta que o verão representa os três meses de maior lucro, e a redução nos itens disponíveis pode impactar o orçamento de muitas famílias que dependem dessa renda sazonal. A jovem barraqueira Graziela Ribeiro, de 24 anos, também se mostrou preocupada com a falta de empatia de alguns banhistas, que pedem os serviços e depois criticam a quantidade de itens disponíveis.
Apesar das críticas, Graziela concorda com as regulamentações da Semop, mas ressalta a necessidade de um equilíbrio, com mais diálogo e compreensão entre trabalhadores e banhistas. “Precisamos que a Semop entenda a realidade dos barraqueiros e ofereça uma solução justa para todos”, conclui.
Enquanto a medida parece trazer benefícios para os banhistas, a adaptação dos trabalhadores ao novo cenário ainda gera incertezas, e muitos pedem uma transição mais gradual para minimizar os impactos econômicos.