O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está com o fôlego preso enquanto aguarda a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a possibilidade de sua prisão preventiva. A resposta pode sair a qualquer momento nesta quarta-feira (23) e mantém o mundo político em alerta.
O impasse surgiu após o fim do prazo, na terça (22), para que a defesa do ex-presidente se manifestasse sobre um suposto descumprimento de medidas cautelares — em especial, a proibição de aparições públicas e de veiculação de falas em redes sociais, inclusive por terceiros.
O episódio que reacendeu o debate foi a visita de Bolsonaro ao Congresso Nacional na segunda-feira (21), onde o ex-presidente conversou com jornalistas, mostrou a tornozeleira eletrônica à imprensa e, como não poderia deixar de ser, virou conteúdo viral nas redes bolsonaristas. A defesa, no entanto, argumenta que ele não descumpriu nenhuma regra.
“É notório que a replicação de declarações por terceiros em redes sociais constitui desdobramento incontrolável das dinâmicas contemporâneas de comunicação digital”, diz a manifestação entregue ao STF. Em outras palavras, a defesa alega que Bolsonaro não tem culpa se viralizou.
Além disso, os advogados reforçaram que o ex-presidente tem seguido à risca todas as restrições impostas por Moraes e nunca teve a intenção de violá-las.
Recuo estratégico
Apesar da exibição pública recente, Bolsonaro cancelou, de última hora, sua ida à Câmara dos Deputados na terça-feira, onde participaria de uma reunião da Comissão de Segurança Pública. O recuo foi visto nos bastidores como um movimento para evitar novas tensões com o STF — uma tentativa de mostrar moderação após dias agitados.
Mesmo assim, a possibilidade de prisão ainda paira no ar. Aliados próximos reconhecem que o cenário é delicado. Embora uma ala do PL acredite que não há base jurídica concreta para a prisão, outros avaliam que Moraes pode agir politicamente diante da reincidência do ex-presidente em desafiar medidas do Supremo.
Já um grupo mais cético vê no próprio prazo dado por Moraes um indício de que a prisão ainda não está definida: se o ministro quisesse prender, teria feito sem esperar manifestação da defesa.
Medidas em vigor contra Bolsonaro:
Uso obrigatório de tornozeleira eletrônica;
Recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 6h) e integral aos fins de semana e feriados;
Proibição de acesso a embaixadas, consulados e autoridades estrangeiras;
Proibição de usar redes sociais, inclusive por terceiros;
Proibição de contato com Eduardo Bolsonaro e demais investigados no inquérito da trama golpista.
Enquanto isso, Bolsonaro, que já enfrentou diversas operações, agora parece estar se movendo com mais cautela. Afinal, o risco não é apenas político — é de cadeia.
Jair Bolsonaro (PL) durante julgamento no STF – Foto: Gustavo Moreno | STF