O Governo Federal estuda uma proposta que pode revolucionar o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) no país: o fim da obrigatoriedade de frequentar autoescolas. A medida, segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, já está pronta e aguarda apenas a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A proposta prevê que os candidatos à habilitação possam optar pela forma como desejam aprender a dirigir, seja com instrutores autônomos credenciados ou por conta própria em ambientes permitidos, como vias fechadas. O modelo atual, que exige aulas teóricas e práticas em Centros de Formação de Condutores (CFCs), passaria a ser opcional.
Objetivo: democratizar o acesso e reduzir custos
De acordo com o Ministério dos Transportes, a intenção é “democratizar o acesso à CNH”, diante dos custos elevados que hoje variam entre R$ 3 mil e R$ 4 mil. Com a flexibilização, o governo estima que o valor para obter a habilitação possa cair até 80%.
A mudança se aplicaria inicialmente às categorias A (motos, ciclomotores) e B (carros de passeio e utilitários).
Entenda como funcionaria a nova CNH passo a passo:
1. Aprendizado prático
O candidato poderá:
- Definir quantas horas de prática deseja.
- Escolher entre autoescolas tradicionais ou instrutores autônomos credenciados.
- Aprender em locais fechados, como áreas privadas ou condomínios.
- Utilizar veículos próprios ou do instrutor.
❗ Importante: dirigir em vias públicas sem acompanhamento de instrutor continua sendo infração.
2. Conteúdo teórico
O estudo das leis de trânsito poderá ser feito:
- Em CFCs presenciais.
- Por ensino a distância (EAD) em empresas autorizadas.
- Em escolas públicas de trânsito dos Detrans.
- Gratuitamente, em plataformas digitais da Senatran.
3. Início do processo
O candidato abrirá o processo:
- Diretamente pelo site da Senatran ou via Carteira Digital de Trânsito (CDT).
- Sem necessidade de comparecer ao Detran no início.
4. Exames continuam obrigatórios
- Prova teórica e prática continuam sendo aplicadas pelos Detrans.
- Exames médico e psicotécnico seguem obrigatórios, feitos em clínicas credenciadas.
Críticas e preocupações
A proposta tem sido recebida com cautela por especialistas e entidades do setor, como a Associação Nacional dos Detrans (AND), que reconhece o alto custo atual, mas alerta para os riscos à segurança no trânsito.
Um dos pontos mais sensíveis é o uso de veículos não adaptados para instrução, já que nas autoescolas os carros possuem pedais extras no banco do instrutor. A falta desse controle pode representar risco durante a formação.
Próximos passos
A mudança poderá ser oficializada por resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), sem necessidade de aprovação pelo Congresso. Caso seja publicada no Diário Oficial da União, a medida entra em vigor na data estipulada pelo governo.
Até lá, associações e especialistas ainda podem apresentar sugestões ou contestações.