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CPI das Bets: Virginia Fonseca, jogos de azar e mais polêmicas; entenda o caso

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Nesta terça-feira, 13 de maio, mais um capítulo da polêmica CPI das Bets ganhou destaque no cenário nacional. A influenciadora digital Virginia Fonseca, que possui mais de 50 milhões de seguidores nas redes sociais, foi convocada a prestar depoimento no Senado Federal devido ao seu envolvimento com empresas de apostas online. Essas plataformas são investigadas por suposta operação ilegal, propaganda enganosa e exploração de públicos vulneráveis. A influenciadora e empresária chegou ao Senado acompanhada de seu marido, o cantor Zé Felipe. 

A CPI das Bets, como o próprio nome diz, investiga a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro. 

A convocação da influenciadora foi feita em novembro de 2024 pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI. De acordo com a parlamentar, a presença de Virginia era necessária pela popularidade e relevância dela no mercado digital, onde influencia milhões de seguidores em diversas plataformas. “Como uma das maiores personalidades da internet no Brasil, Virginia desempenha um papel central na promoção de marcas e serviços, incluindo campanhas publicitárias relacionadas a jogos de azar e apostas online”, diz a senadora no requerimento. 

Para a audiência realizada nesta segunda-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, autorizou Virginia a ficar em silêncio em seu depoimento, além de permitir que ela fosse acompanhada por um advogado. 

Uma reportagem publicada em janeiro deste ano pela revista Piauí revelou termos do contrato de Virginia com a plataforma de apostas Esportes da Sorte. Segundo o texto, a influenciadora teria recebido um adiantamento de R$ 50 milhões em dezembro de 2022, e ganharia 30% de tudo o que os apostadores perdessem ao acessarem o site por meio do link divulgado por ela, no chamado “cachê da desgraça alheia”. Segundo a reportagem, a publicidade feita por Virginia atraiu 120 mil novos usuários à plataforma.

Em suas falas, Virginia negou veementemente que recebesse um percentual do lucro da bet a partir das perdas de cada apostador influenciado por ela: “Fechei meu contrato com a Esportes da Sorte e, esse valor que eles me pagaram, se eu dobrasse o lucro deles, eu receberia 30% a mais da empresa. Em momento algum sobre perdas dos meus seguidores. Não tinha nada de anormal no meu contrato”. 

A influenciadora também declarou que não divulga bets irregulares e que não está fazendo “nada fora da lei”. “Quando eu posto, eu sempre deixo muito claro que é um jogo, que pode ganhar ou perder; que menores de 18 anos é proibido na plataforma; se possui algum vício, é melhor não entrar; e para jogar com responsabilidade”, disse. “Estou falando por mim, não sei como outros influenciadores fazem”.

A senadora Soraya Thronicke afirmou que Virginia começou a divulgar casas de apostas online em dezembro de 2022, quando o tema ainda não havia sido regulamentado.

A empresária afirmou que, apesar da falta de regulamentação na ocasião, as bets já eram legais no país, e que a estratégia de utilizar personalidades de alcance massivo para atrair jogadores não é exclusiva com ela.

A influenciadora disse, em resposta à senadora, que não se arrepende dos anúncios que fez para empresas de apostas, e que não tem como ajudar seguidores que pedem socorro. “Acho que eles pedem socorro para a senhora porque a senhora tem o poder de fazer alguma coisa. Eu não tenho poder de fazer nada. Eu não tenho… Então, aí, tá complicado”, disse Virgínia.

Questionada por Soraya Thronicke, Virginia disse também:

  • que chegou a jogar nas duas plataformas que divulgou, e que hoje mantém conta de apostadora na Blaze – com quem ainda tem contrato de publicidade vigente;
  • que os vídeos mostrando como apostar não eram feitos de sua própria conta, mas de contas fornecidas pela empresa;
  • que, apesar de usar contas diferentes, os vídeos eram feitos na mesma plataforma disponível para os apostadores comuns.

Virginia usou o “direito ao silêncio” para não responder detalhes financeiros de seus contratos – por exemplo, o valor máximo que recebeu das bets. A influenciadora disse, no entanto, que declarou todos os rendimentos à Receita Federal.

Virginia também concordou em fornecer cópias dos contratos com a Esportes da Sorte e com a Blaze à CPI das Bets. Os documentos devem ser mantidos em sigilo por estarem sobre regras de confidencialidade.

Ao ser questionada por Thronicke se deixaria de fazer publicidade para o segmento, a influenciadora respondeu: “Não vou mentir, eu vou pensar”. E acrescentou: “Mas eu também gostaria que a senhora chamasse aqui todos os times de futebol, todos os eventos patrocinados, todas as emissoras que têm [patrocínio de bet]. Tudo o que está no Brasil hoje; tudo tem bet. O meu trabalho é publicidade”, disse Virgínia.

“Se realmente faz tão mal para a população, proíbe tudo. Por que está regulamentando? Eu nunca aceitei fazer publicidade para casas de apostas que não estão regulamentadas e recebo muitas oportunidades. Se for decidido por vocês que terá que acabar, eu concordo”, finalizou.

Foto: Cristiano Mariz/AG. O Globo.

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