Uma audiência pública será realizada nesta segunda-feira, 27, para discutir o Inquérito Civil instaurado pelo Ministério Público da Bahia (MPBA) sobre um possível caso de racismo religioso envolvendo a cantora Cláudia Leitte. O inquérito foi aberto após denúncia formalizada pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (IDAFRO), com a representação da Iyalorixá Jaciara Ribeiro.
O caso gira em torno da alteração da canção “Caranguejo”, na qual a cantora teria substituído o termo “Yemanjá” por “Yeshu’a”. Segundo a denúncia, essa mudança poderia configurar uma violação à honra e dignidade dos religiosos de matriz africana e afetar um bem cultural protegido.
Hédio Silva Jr., advogado e coordenador do IDAFRO, destacou a relevância do debate sobre racismo religioso. “Discutir o racismo religioso é fundamental, especialmente para as religiões afro-brasileiras, que carregam uma história de resistência. Alterar referências sagradas, como no caso de Yemanjá, não é apenas mudar uma letra de música, é reforçar preconceitos e desrespeitar um patrimônio imaterial e a dignidade do povo de terreiro”, afirmou.
A audiência ocorrerá no Auditório do Ministério Público da Bahia, na Avenida Joana Angélica, nº 1.312, em Nazaré. O evento será aberto ao público e tem como objetivo promover um debate amplo com representantes do setor público, privado e da sociedade civil organizada, além de comunidades religiosas, em especial as de matriz africana, sobre os impactos de ações que possam violar a honra e a dignidade dos povos de terreiro.