Nesta quinta-feira (10), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez declarações a respeito da política tarifária contra o Brasil anunciada pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira (9). Em suas falas, ele classificou a decisão do norte-americano como “insustentável”, e afirmou que a medida “não parte de nenhuma racionalidade econômica”.
“A decisão é eminentemente política, porque não parte de nenhum racionalidade econômica. Nós somos, nos últimos anos, deficitários em mais de US$ 400 bilhões com os Estados Unidos”, argumentou o ministro.
Haddad destacou que mesmo quando a tarifa inicial era de 10%, o governo brasileiro estava disposto a negociar, com o intuito de equilibrar o déficit na balança que pesa mais para o Brasil. “Hoje estamos falando de uma tarifa insustentável, tanto do ponto de vista econômico quanto político, de 50%”, completou.
O ministro pontuou os impactos econômicos diretos sobre setores estratégicos após as tarifas de Trump, e afirmou que até os contrários ao governo Lula irão reconhecer o problema: “Até a extrema-direita vai ter que reconhecer mais cedo ou mais tarde que deu um enorme tiro no pé”.
Haddad também culpabilizou a família Bolsonaro pela escalada de tensões comerciais entre Brasil e EUA, que, segundo ele, partiu de uma ação deliberada para proteger o ex-presidente: “A única explicação plausível é que a família Bolsonaro urdiu esse ataque ao Brasil com um objetivo específico: escapar do processo judicial que está em curso”.
Mesmo com a gravidade da situação, o ministro aposta na diplomacia brasileira para intermediar negociações entre os dois países, e assim reverter a medida: “Temos uma diplomacia reconhecida no mundo inteiro como uma das mais profissionais Não faz o menor sentido, para as tradições diplomáticas brasileiras, um país com 200 anos de relação econômica com o Brasil adotar esse tipo de atitude”.
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